4.05.2018

Alterações climáticas: como é que vamos ser afectados?

Fig.1: Evolução da temperatura global desde 1880.

As alterações climáticas são um conceito abstrato, sendo por isso, devido à disposição temporal dos eventos, imperceptível para a sociedade. A ideia que prevalece é que as alterações climáticas são  “aquilo que vai chegar”, relegando o problema a um futuro relativamente incerto. No entanto, é sabido que realmente já está a acontecer e que os seus efeitos estão a fazer-se sentir em várias regiões do mundo. É importante abordar as seguintes perguntas: como é que vamos ser afectados? Quais são as consequências?

Alguns desses efeitos nos ambientes marinhos ainda não são totalmente compreendidos, mas têm impactes potênciais nos ambientes costeiros, como o aumento do nivel do mar, o degelo do permafrost e alterações dos padrões de circulação oceânica1.

Fig.2: Aumento do nível medio do mar em milímetros desde 1870 até 1990. 

2017 foi o ano dos furacões. Três deles (Harvey, Irma e María) bateram recordes históricos no que respeita a sua força e consequências das suas passagens. Os cientistas assinalam que, devido as alterações climáticas, os eventos extremos tais como tempestades e inundações terão maior periodicidade e intensidade2.

Fig. 3: Outros efeitos potenciais das alterações climáticas. 

Estes eventos poderão conduzir a um maior número de refugiados climáticos, sabendo antemão, que as sociedades que menos contaminam são aquelas que sofrerão o maior impacte. São as regiões mais pobres as que piores consequências terão, entre as quais podem encontrar-se conflitos entre sociedades, migrações,perda de território, etc, grande parte devido ao aumento do nível medio do mar3 4.

No que respeita a componente biológica (estando direitamente ligada com a social) com aumento da temperatura global, os vetores de algumas doenças infecciosas (por exemplo: mosquitos), que estão ligados ao clima de temperaturas mais elevadas, pode dar lugar a uma maior propagação de doenças em zonas mais temperadas5.

Assim, as alterações climáticas darão lugar a uma redistribuição das espécies, o que modificará as teias tróficas. Sendo que, desde o ponto de vista antropocêntrico, isto afectará o bem-estar humano6 .

Sendo os oceanos um dos sumidouros de carbono, outro dos efeitos das alterações climáticas é a acidificação dos oceanos. Através do sequestro de carbono,que modifica a química da água vai alterar as estruturas dos organismos carbonatados, que vão ser dissolvidas e diluidas na água, sofrendo alterações que modificam o meio limitando a presença de certas especies como crustáceos, corais, entre outros.

Mesmo que a perspectiva geral não proporcione uma sensação de esperança, ainda estamos a tempo de tomar medidas para desacelerar. As alterações climáticas têm de ser um tema de preocupação dos cidadãos, sendo que uma melhor compreensão do assunto vai fazer com que exijamos políticas responsáveis para com o meio ambiente e com a sociedade. Os acordos internacionais tais como o Acordo de Paris (2016) não podem ficar relegados a um código de boas práticas, sendo necessário que os objetivos a atingir se tornem realidade. 

Referências
1. Zacharias, M. (2014). Marine Policy: An introduction to ocean governance and international law of the oceans. Earthscan Oceans.

2. Welch, C. (20/09/2017). How climate change likely strengthened recent hurricanes. National Geographic Magazine. 

3.Criado, M. A. (22/12/2017). El cambio climático triplicará los asilados en Europa. El País.

4. Bullard, G. (1/12/2015). See what climate change means for the world’s poor. National Geographic Magazine. Acedido em 05/04/2018:

5. Liang, L. & Gong, P. (2017). Climate change and human infectious disease: A synthesis of research findings from global and spatial-temporal perspectives. Science Direct, 103: 99-108.

6. Pecl, G., Araújo, M., Bell, J. et al. (2017). Biodiversity distribution under climate change: Impacts on ecosystems and human well-being. Science, 355 (6332). DOI: 10.1126/science.aai9214.