Fig.1: Evolução da temperatura global desde 1880.
As alterações climáticas são um
conceito abstrato, sendo por isso, devido à disposição temporal dos eventos, imperceptível
para a sociedade. A ideia que prevalece é que as alterações climáticas são “aquilo que vai chegar”, relegando o problema
a um futuro relativamente incerto. No entanto, é sabido que realmente já está a
acontecer e que os seus efeitos estão a fazer-se sentir em várias regiões do
mundo. É importante abordar as seguintes perguntas: como é que vamos ser
afectados? Quais são as consequências?
Alguns desses efeitos nos
ambientes marinhos ainda não são totalmente compreendidos, mas têm impactes
potênciais nos ambientes costeiros, como o aumento do nivel do mar, o degelo do
permafrost e alterações dos padrões
de circulação oceânica1.
Fig.2: Aumento
do nível medio do mar em milímetros desde 1870 até 1990.
2017 foi o ano dos furacões. Três
deles (Harvey, Irma e María) bateram recordes históricos no que respeita a sua
força e consequências das suas passagens. Os cientistas assinalam que, devido as
alterações climáticas, os eventos extremos tais como tempestades e inundações
terão maior periodicidade e intensidade2.
Fig. 3: Outros efeitos potenciais das alterações climáticas.
Estes eventos poderão conduzir a
um maior número de refugiados climáticos, sabendo antemão, que as sociedades
que menos contaminam são aquelas que sofrerão o maior impacte. São as regiões mais
pobres as que piores consequências terão, entre as quais podem encontrar-se
conflitos entre sociedades, migrações,perda de território, etc, grande parte
devido ao aumento do nível medio do mar3 4.
No que respeita a componente
biológica (estando direitamente ligada com a social) com aumento da temperatura
global, os vetores de algumas doenças infecciosas (por exemplo: mosquitos), que
estão ligados ao clima de temperaturas mais elevadas, pode dar lugar a uma maior
propagação de doenças em zonas mais temperadas5.
Assim, as alterações climáticas darão
lugar a uma redistribuição das espécies, o que modificará as teias tróficas.
Sendo que, desde o ponto de vista antropocêntrico, isto afectará o bem-estar
humano6 .
Sendo os oceanos um dos
sumidouros de carbono, outro dos efeitos das alterações climáticas é a
acidificação dos oceanos. Através do sequestro de carbono,que modifica a
química da água vai alterar as estruturas dos organismos carbonatados, que vão
ser dissolvidas e diluidas na água, sofrendo alterações que modificam o meio
limitando a presença de certas especies como crustáceos, corais, entre outros.
Mesmo que a perspectiva geral não
proporcione uma sensação de esperança, ainda estamos a tempo de tomar medidas
para desacelerar. As alterações climáticas têm de ser um tema de preocupação
dos cidadãos, sendo que uma melhor compreensão do assunto vai fazer com que
exijamos políticas responsáveis para com o meio ambiente e com a sociedade. Os
acordos internacionais tais como o Acordo de Paris (2016) não podem ficar
relegados a um código de boas práticas, sendo necessário que os objetivos a
atingir se tornem realidade.
Referências
1. Zacharias, M. (2014). Marine Policy: An introduction to ocean
governance and international law of the oceans. Earthscan Oceans.
2. Welch, C. (20/09/2017). How climate
change likely strengthened recent hurricanes. National Geographic Magazine.
Acedido em 05/04/2018: https://news.nationalgeographic.com/2017/08/hurricane-harvey-climate-change-global-warming-weather/
3.Criado, M. A. (22/12/2017). El cambio climático triplicará los
asilados en Europa. El País.
Acedido em 05/04/2018: https://elpais.com/elpais/2017/12/21/ciencia/1513853120_885178.html
4. Bullard, G. (1/12/2015). See what
climate change means for the world’s poor. National Geographic Magazine. Acedido em 05/04/2018:
5. Liang, L. & Gong, P. (2017). Climate
change and human infectious disease: A synthesis of research findings from
global and spatial-temporal perspectives. Science
Direct, 103: 99-108.
6. Pecl, G., Araújo, M., Bell, J. et
al. (2017). Biodiversity distribution under climate change: Impacts on
ecosystems and human well-being. Science,
355 (6332). DOI: 10.1126/science.aai9214.